18 de mar. de 2008

matéria - instabilidade multidirecional do ombro

Instabilidade Multidirecional do Ombro - não confunda com Síndrome do Impacto

O ombro é a articulação com a maior capacidade de amplitude de movimento,
tendo mais de 180 graus de amplitude em todos os planos. Devido a esta grande mobilidade, a articulação glenoumeral é uma das mais instáveis e freqüentemente luxadas do corpo, correspondendo a cerca de 50% de todas as luxações.

Instabilidade do ombro é definida como o escorregamento da cabeça umeral para fora da cavidade glenoidal durante atividades, causando sintomas, podendo variar desde subluxação até luxação. Você pode ter nascido com esta instabilidade ou um trauma levou a ela, no caso uma luxação, considerada o trauma articular mais grave, devido a várias estruturas que ficam comprometidas após o evento.

O complexo do ombro apresenta dois mecanismos de estabilização: o Estático (parte óssea, cápsula articular e ligamentos) e o Dinâmico (músculos do manguito rotador e os escapuloumerais). O equilíbrio entre os dois mecanismos darão a função normal ao complexo do ombro.

Apesar de muito importante, o sistema de estabilização dinâmica (músculos e tendões) não tem a eficácia do sistema passivo, portanto, quando o mecanismo cápsulo-ligamentar não funciona bem devido a alongamentos patológicos, rupturas, lassidão exagerada, anomalias ligamentares congênitas, etc. a pessoa pode apresentar déficits de propriocepção e incoordenação motora, nem sempre detectáveis pelo exame clínico rotineiro.

Esta instabilidade subclinica ou oculta, leva a tendinites, bursites e pode ser confundida com a síndrome do Impacto do Ombro, um conjunto de sinais e sintomas que levam a cabeça do úmero impactar no espaço acromial. O que acontece é que devido ao desequilíbrio de forças, a instabilidade pode levar a um impacto, mas o tratamento tem objetivos diferentes e se confundido a melhora não ocorrerá.

Para detectarmos se há instabilidade, a história do paciente é fundamental, fazer o paciente lembrar se houve algum trauma, mesmo na infância, se o ombro desloca quando eleva o braço, se ele tem “medo” de posicionar o braço em determinada direção, se dói durante a noite, se permanecer dirigindo ou no computador com o ombro suspenso causa dor e desconforto, entre outras.

No exame físico, nós fisioterapeutas, procuramos pela incoordenação dos movimentos, posição da cabeça umeral e poder de contração dos músculos estabilizadores. Geralmente encontramos um ombro com grandes disfunções.

Gostaria de aprofundar o meu texto no tratamento. Caso a escolha tenha sido conservadora, preste muita atenção nas regras básicas:

Nunca alongue o ombro, alongue a região dorsal, levemente o peitoral e prefira os alongamentos globais, por trabalharem uma cadeia muscular. Alongar uma articulação que já está “solta” é um erro e leva a piora do quadro. Prefira mobilizar a cápsula, caso seja necessário.

2ª A cada movimento do braço, primeiro recrute a musculatura escapular, ou seja, unir as escápulas. Para isso o tratamento deve iniciar com a reeducação da musculatura escapular, ensinando passo a passo como contrair os rombóides e o trapézio inferior.

3ª Não realizar qualquer movimento do braço que o cotovelo vá para trás da linha do corpo, por exemplo, no exercício chamado “supino”, nunca passe o cotovelo do corpo.

4ª Não faça exercícios de barra ou puxada pelas costas. Nunca se dependure, mesmo para alongar. Prefira realizar exercícios de apoio, os exercícios em cadeia cinética fechada favorecem as forças acopladas.

Articulações instáveis requerem tratamento constante, depois da parte da fisioterapia vem a parte de musculação e é preciso fazer sempre. A articulação que não estiver estável vai ter artrose precoce, o que extremamente indesejável em qualquer parte do corpo, mas nombro é muito incapacitante.

Caso você tenha este diagnóstico, procure saber tudo o que pode e não pode fazer, seja responsável pela sua articulação e não deixe apenas para o professor lembrar quais são as proibições. Esta lesão é compatível com qualquer esporte desde que esteja controlada.

Silviane Vezzani - CRF 6525-f
silvezzani@kieling.com.br
Rua Silva Jardim, 375
(51) 3328-6364

2 comentários:

Anônimo disse...

nao li nada nessa materia sobre fisioterapia, mas quem tiver eu to tratando! hahah

Yuri disse...

Gostei muito da reportagem, não houve uma discussão aprofundada da fisioterapia, mas ela é mencionada no penúltimo parágrafo:

"Articulações instáveis requerem tratamento constante, depois da parte da fisioterapia vem a parte de musculação e é preciso fazer sempre."

Tenho este problema e descobri agoracom 27 anos. A fisiotrapia realmente ajuda, mas é necessário dar sequência ao fortalecimento da musculatura.

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