Cabeça Feita e Alma Lavada
Quem participou da segunda edição do evento e, principalmente, quem teve a felicidade de acompanhar as duas edições desse projeto voltado ao conhecimento, realmente ficou de cabeça feita e alma lavada. Ao término do evento a sensação era de fim de um dia de mar clássico e em um lugar paradisíaco. Os cérebros, as mentes e os corpos pareciam em êxtase na última noite, após tanta informação. Eu diria filosofia, ou ainda, viagem consciente.
Enquanto na primeira edição do evento, há pouco mais de um ano, as discussões serviram para contextualizar o surf no Brasil, nessa segunda edição, iniciamos a análise propriamente dita da modalidade. O I Congressurf nos definiu o surf e respondeu a pergunta "o que é o surf?", a partir de uma análise histórica. Esse II Congressurf, além de lapidar essa indagação de conceito, iniciou uma análise mais profunda de "por que somos assim e como estamos agindo para sermos o que somos?".
Ainda estamos no caminho para responder a pergunta que foi sugerida como tema desde a primeira edição: "qual o futuro do surf no brasil?" Falar sobre o futuro implica conhecer o passado e entender o presente. Uma verdadeira análise.
O que leva um Médico, de família, formado em uma grande capital a largar tudo e ir morar em Garopaba há mais de 40 anos atrás? Um hippie que escolheu viver integrado com a natureza e que por necessidade fez sua primeira roupa de borracha artesanalmente. Dr. Marco Aurélio Raimundo, ou simplesmente Morongo, nos deu uma verdadeira aula sobre vida. Alicerçado em um conceito holístico (Ying e Yang), Morongo conseguiu resistir ao capitalismo e com acurada consciência reinvestiu tudo o que ganhou. Diz ele que no início havia funcionários muito melhor financeiramente do que ele. Ele era sempre o último a receber, se sobrasse. E mesmo sobrando ele optava por reinvestir e continuar com sua vida simples. Simplificar - isso parece ser tão difícil no mundo de hoje. Princípios de paz, cooperação, não promiscuidade e confiança são zelados até hoje na cultura empresarial. Hoje, Morongo recebe inúmeros megaempresários querendo investir na Mormaii e alavancar ainda mais o negócio. Dr. Marco compara a ganância financeira ao Câncer: crescer demais e em pouco tempo não é saudável. E assim, Morongo às vezes, como um verdadeiro "local", corre com os megaempresários da sua mesa de reuniões, quando ele vê que os princípios e os valores não fecham com os princípios e valores do Surf. "Tem que ter alma".
Excelente palestra, que para alguns pareceu "viagem", mas que para os mais conscientes e intelectos serviu como um "tapa de luva" devido à obviedade e simplicidade. Faça o básico e o universo irá conspirar a seu favor.
Emanuel Castro, diretor do SporTV e diretor de eventos da Rede Globo, um homem dito "normal", bem sucedido e extremamente inteligente, vem e nos diz que somos profissionais, que somos um esporte a parte e que ele nos admira muito. Emanuel conhece muito bem uma infinidade de esportes e mesmo sem pegar onda admira demais nossa cultura, vendo nela uma forte resistência às imposições do mercado e da cultura volátil promovida pela mídia de massa. O surf tem consciência aguçada, sabe o que quer e não se curva ao imperialismo. Somos profissionais sim, com muitas coisas a serem melhoradas, mas os princípios e valores são puros e do bem e isso é que nos faz sermos autênticos, alegres, felizes e com alto astral. Isso não seria qualidade em cultura? O que mais pode levar um diretor de uma empresa de mídia multinacional a ser tão "amarradão" em nós? Não tem muita explicação, e não precisa ter, é o "feeling". Basta sentir, basta estar em nosso meio, praia, sol, mar, risadas. Um pedaço do paraíso, bem próximo de nós.
E assim, lembrando apenas de dois dos TOP 16 palestrantes desta segunda edição fico aqui "viajando" e escrevendo essas palavras já na praia, longe de Porto Alegre, três dias após o termino do evento. Tentando assimilar tudo e sentindo uma "Good Vibe" para a próxima edição.
Aqueles que não puderam participar das primeiras edições, não fiquem tristes. Em breve teremos um livro sobre o Congressurf e para as próximas edições há muitas novidades, inclusive com palestras gratuitas e abertas via Web para todo o mundo. Não é justo e está sendo um desperdício promover esse belo encontro para poucas pessoas e de forma local.
Assim sendo encerro esse texto, pois vou fazer um churrasco, já que o mar hoje está uma "bosta" aqui em minha praia.
Abraço a todos, Keep Surfing, Mário Silveira, Coordenador Congressurf.
Enquanto na primeira edição do evento, há pouco mais de um ano, as discussões serviram para contextualizar o surf no Brasil, nessa segunda edição, iniciamos a análise propriamente dita da modalidade. O I Congressurf nos definiu o surf e respondeu a pergunta "o que é o surf?", a partir de uma análise histórica. Esse II Congressurf, além de lapidar essa indagação de conceito, iniciou uma análise mais profunda de "por que somos assim e como estamos agindo para sermos o que somos?".
Ainda estamos no caminho para responder a pergunta que foi sugerida como tema desde a primeira edição: "qual o futuro do surf no brasil?" Falar sobre o futuro implica conhecer o passado e entender o presente. Uma verdadeira análise.
O que leva um Médico, de família, formado em uma grande capital a largar tudo e ir morar em Garopaba há mais de 40 anos atrás? Um hippie que escolheu viver integrado com a natureza e que por necessidade fez sua primeira roupa de borracha artesanalmente. Dr. Marco Aurélio Raimundo, ou simplesmente Morongo, nos deu uma verdadeira aula sobre vida. Alicerçado em um conceito holístico (Ying e Yang), Morongo conseguiu resistir ao capitalismo e com acurada consciência reinvestiu tudo o que ganhou. Diz ele que no início havia funcionários muito melhor financeiramente do que ele. Ele era sempre o último a receber, se sobrasse. E mesmo sobrando ele optava por reinvestir e continuar com sua vida simples. Simplificar - isso parece ser tão difícil no mundo de hoje. Princípios de paz, cooperação, não promiscuidade e confiança são zelados até hoje na cultura empresarial. Hoje, Morongo recebe inúmeros megaempresários querendo investir na Mormaii e alavancar ainda mais o negócio. Dr. Marco compara a ganância financeira ao Câncer: crescer demais e em pouco tempo não é saudável. E assim, Morongo às vezes, como um verdadeiro "local", corre com os megaempresários da sua mesa de reuniões, quando ele vê que os princípios e os valores não fecham com os princípios e valores do Surf. "Tem que ter alma".
Excelente palestra, que para alguns pareceu "viagem", mas que para os mais conscientes e intelectos serviu como um "tapa de luva" devido à obviedade e simplicidade. Faça o básico e o universo irá conspirar a seu favor.
Emanuel Castro, diretor do SporTV e diretor de eventos da Rede Globo, um homem dito "normal", bem sucedido e extremamente inteligente, vem e nos diz que somos profissionais, que somos um esporte a parte e que ele nos admira muito. Emanuel conhece muito bem uma infinidade de esportes e mesmo sem pegar onda admira demais nossa cultura, vendo nela uma forte resistência às imposições do mercado e da cultura volátil promovida pela mídia de massa. O surf tem consciência aguçada, sabe o que quer e não se curva ao imperialismo. Somos profissionais sim, com muitas coisas a serem melhoradas, mas os princípios e valores são puros e do bem e isso é que nos faz sermos autênticos, alegres, felizes e com alto astral. Isso não seria qualidade em cultura? O que mais pode levar um diretor de uma empresa de mídia multinacional a ser tão "amarradão" em nós? Não tem muita explicação, e não precisa ter, é o "feeling". Basta sentir, basta estar em nosso meio, praia, sol, mar, risadas. Um pedaço do paraíso, bem próximo de nós.
E assim, lembrando apenas de dois dos TOP 16 palestrantes desta segunda edição fico aqui "viajando" e escrevendo essas palavras já na praia, longe de Porto Alegre, três dias após o termino do evento. Tentando assimilar tudo e sentindo uma "Good Vibe" para a próxima edição.
Aqueles que não puderam participar das primeiras edições, não fiquem tristes. Em breve teremos um livro sobre o Congressurf e para as próximas edições há muitas novidades, inclusive com palestras gratuitas e abertas via Web para todo o mundo. Não é justo e está sendo um desperdício promover esse belo encontro para poucas pessoas e de forma local.
Assim sendo encerro esse texto, pois vou fazer um churrasco, já que o mar hoje está uma "bosta" aqui em minha praia.
Abraço a todos, Keep Surfing, Mário Silveira, Coordenador Congressurf.
escrito por Mário Silveira
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